segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Pombo Correio em Portugal uma Paixão Nacional

Introdução
Somos a expressão de catorze associações distritais / regionais, de oitocentos clubes e dezoito mil famílias que praticam a columbofilia.
Estamos representados ao mais alto nível nas instâncias desportivas internacionais.
Organizamos anualmente competições internacionais de grande envergadura, nomeadamente Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa, Torneio das Nações Ibero-Latino-Americanas. Os processos de candidatura, a nível internacional, apresentados pela FPC para a organização destes eventos, têm sido vitoriosos graças à credibilidade e êxito conquistado pela columbofilia portuguesa.
Em quatro anos informatizámos todos os clubes e associações disponibilizando gratuitamente software adequado às diversas tarefas, nomeadamente para o recenseamento anual de pombos e sócios (falamos num universo de 4.500.000 pombos e 18.000 associados).
Somos o único país da Europa em que se verifica crescimento de todos os índices (sócios, pombos, clubes, anilhas...).
Investimos fortemente na captação de jovens. Atente-se a propósito os programas de instalação de pombais nas escolas e instituições de carácter social, programa de férias desportivas, campeonatos escolares...
Não descuramos os trabalhos de investigação através da criação de grupos de trabalho pluridisciplinares, com a colaboração de especialistas externos, cite-se, como exemplos, o estudo desenvolvido em colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra “O pombo-correio e a saúde pública”, o protocolo de colaboração com o Instituto de Meteorologia ou ainda a monitorização dos camiões de transporte para aferição das condições de temperatura, humidade e qualidade do ar durante o transporte dos pombos para as provas.
Desenvolvemos anualmente acções de formação de agentes desportivos ligados à Columbofilia: juizes classificadores, delegados de solta e dirigentes associativos (jovens e seniores) têm sido a população alvo de tais acções.
Privilegiamos a formação de formadores. Em complemento, levamos a efeito colóquios, debates e seminários de especialidade, nomeadamente de foro veterinário, jurídico e princípios básico de meteorologia para a columbofilia.
Em termos competitivos Portugal é uma grande potência da Columbofilia, sucedendo-se nas competições internacionais as vitórias e lugares no pódio, 
Num ambiente de crescente impacto da sociedade de informação investimos fortemente na criação de um site dinâmico, bem como de um serviço de disponibilização de dados do recenseamento on line. Editamos e remetemos para cada associado, clubes e associações, gratuitamente, a revista “Columbofilia”, com uma edição bimestral de cerca de 20.000 exemplares.
Desenvolvemos parcerias estratégicas com as autarquias, escolas e outros organismos para a divulgação e defesa do pombo correio.
Criámos gabinetes de apoio veterinário, jurídico e meteorológico para os columbófilos e estrutura associativa, com utilização absolutamente gratuita.
A columbofilia orgulha-se de ter um movimento associativo muito forte, que se habituou a não esperar para concretizar.
Somos certamente a modalidade desportiva com maior número de sedes sociais próprias, cada clube e cada associação tem sede própria, que são espaços ao serviço da comunidade onde estão inseridas. Adquirimos, com meios próprios, uma frota que ultrapassa largamente a meia centena de veículos tipo TIR, propriedade das associações distritais, e mais de duas centenas de pequenos camiões ao serviço dos clubes.
Cerca de metade dos praticantes (8.000) assumem responsabilidades directivas nos órgãos sociais dos clubes, das associações e da federação. 
Temos, consciência, que nem sempre a tutela olha a columbofilia sob este prisma. A modalidade tem sido penalizada ao não ser valorada na exacta medida daquilo que merece. 
Não pedimos para fazer, fazemos! 
Não prometemos obra, construímos! 
Não prometemos medalhas, nem resultados, apresentamos um palmarés! 
Esta realidade “obriga-nos” a um esforço de sensibilização dos órgãos de poder, especialmente a Secretaria de Estado do Desporto e o Instituto do Desporto de Portugal para o papel primordial que a columbofilia detém na Sociedade Civil.
A História não é o resultado de leis objectivas ou de forças ocultas, mas de um somatório de actos de pessoas com nome, com rosto que, no meio das encruzilhadas da vida, têm de escolher entre opções de vitória ou de derrota.
Estamos conscientes que nenhum de nós está isento de um dia mais tarde responder perante a história. A posição das futuras gerações de columbófilos dependerá em muito da definição dos valores socio-desportivos no presente. 
É nesta perspectiva de permanente construção do futuro, que apelamos ao contributo de todos quantos de forma empenhada e apaixonada procuram tornar o País, o desporto e a columbofilia cada vez melhores.
A FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE COLUMBOFILIA
1- A NATUREZA E SEDEA Federação Portuguesa de Columbofilia é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, visando organizar e desenvolver a prática de actividades desportivas, culturais e demais atribuições conferidas pela Lei, no âmbito do exercício da Columbofilia.
A FPC tem sua sede social própria, na Rua Padre Estevão Cabral, 79, 2º, sala 214, em Coimbra.
2- FUNDAÇÃO
Foi fundada em 5 de Novembro de 1945. 
3- PRATICANTES DESPORTIVOS, CLUBES E ASSOCIAÇÕES DISTRITAISA FPC tem inscritos cerca de 18.000 associados, que se distribuem por 763 Clubes e 14 Associações Distritais / Regionais.
A população columbina está estimada em 4 500 000 pombos.


A Columbofilia é, segundo os dados disponíveis, a segunda modalidade nacional, logo a seguir ao futebol. 

3.1. - ASSOCIAÇÕES DISTRITAIS
Presentemente, estão constituídas 14 Associações Distritais/Regionais. A área de jurisdição das Associações é, por vezes, mais ampla do que aquela que advém da definição de Distrito/Região.
O incremento verificado nos três últimos anos leva-nos a admitir o aparecimento, a curto prazo, de novas Associações Distritais.
Tal facto implicará uma aproximação natural entre o Distrito Geo-Administrativo e o “Distrito Desportivo”.
3.2. - CLUBES
Ao nível de Clubes, regista-se uma maior implantação no litoral. Ainda assim, é possível observar que os Clubes apresentam uma distribuição nacional.
Encontram-se registados, na Federação, 766 Clubes.
3.3. - ASSOCIADOS/PRATICANTES
Os Distritos com maior representatividade são o Porto, Aveiro e Lisboa. Apraz-nos, contudo, verificar que, nos últimos anos, todos os Distritos apresentam um crescimento do número de associados.
Complementarmente, uma outra nota positiva é a crescente adesão de jovens, facto que constitui um capital humano de primordial importância para a projecção e desenvolvimento futuro da modalidade. 
4- ENQUADRAMENTO INTERNACIONAL
A Federação Portuguesa de Columbofilia está filiada na Federação Columbófila Internacional (64 países filiados), organismo sediado em Bruxelas e é membro fundador da Associação Ibero-Latino-Americana de Columbofilia (21 países filiados).

5- ENQUADRAMENTO NACIONALA Federação Portuguesa de Columbofilia foi co-fundadora da Confederação do Desporto de Portugal encontrando-se, por consequência, filiada nesta organização.

6- FILIAÇÃO NACIONAL SUPRA-FEDERATIVA
A Federação Portuguesa de Columbofilia é membro de pleno direito do Comité Olímpico de Portugal.
7- ESTATUTO DE MERA UTILIDADE PÚBLICAEste estatuto foi concedido à FPC por despacho de Sua Excelência o Primeiro Ministro, de 20 de Junho de 1978, publicado no Diário da República nº 139, II série.
8- ESTATUTO DE UTILIDADE PÚBLICA DESPORTIVAEste estatuto foi concedido por despacho de Sua Excelência o Primeiro Ministro, nº40/94, de 30 de Agosto, publicado no Diário da República nº 209, 1ª série, de 9 de Setembro de 1994.
9-EXERCÍCIO DE CARGOS DIRIGENTES EM ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAISA FPC tem representantes seus no exercício de cargos dirigentes dos corpos sociais da Federação Columbófila Internacional, destacando-se, neste contexto, o Presidente da FPC, eleito 1º Vice - Presidente do Comité Director da Federação Internacional.
A Federação Portuguesa de Columbofilia tem representantes seus em todas as Comissões criadas no âmbito da Federação Internacional.
10- ORGANIZAÇÃO DE GRANDES EVENTOS EM PORTUGALa) No domínio de competições de reconhecido prestígio, a Federação Portuguesa de Columbofilia organizou ou vai organizar:
ANO
EVENTO
1959 Olimpíadas/Lisboa
1985Olimpíadas/Porto
1992Campeonato Ibero-Latino Americano
1995 Torneio das Nações Latino Americanas
1997Campeonato do Mundo
1998Campeonato do Mundo de Jovens Columbófilos
1999Campeonato do Mundo de Jovens Columbófilos / Campeonato da Europa 
2000Campeonato da Europa / Torneio das Nações Latino Americanas
2001Campeonato da Europa / Torneio das Nações Latino Americanas
2002Campeonato da Europa / Torneio das Nações Latino Americanas
2003Campeonato do Mundo
2004Campeonato da Europa
2005Olimpíadas
12- ANÁLISE AO QUADRO DESPORTIVOA Columbofilia é praticada por pessoas de ambos os sexos, por todos os escalões etários e sócio-profissionais. A Federação é a expressão organizativa dos Clubes e Associações Distritais. Inicialmente sediada em Lisboa, rumou para Coimbra em 1985. Esta viragem operou mudanças radicais de ordem organizativa na modalidade. A partir daí, Portugal enceta um percurso de ascensão a nível internacional, cotando-se, hoje, como uma das maiores potências desportivas do Mundo, no quadro columbófilo. Atente-se a evolução registada nos principais resultados nas competições desportivas de carácter internacional:
ANO
OLIMPÍADAS
CLASSIFICAÇÃO
1987Katowice (Polónia) 11º CLASSIFICADO
1989 Dortmund (Alemanha) 5º CLASSIFICADO
1991Verona (Itália)VICE CAMPEÃO OLÍMPICO
1993Las Palmas (Espanha)VICE CAMPEÃO OLÍMPICO
1995 Utrecht (Holanda)CAMPEÃO OLÍMPICO
1997Basileia (Suiça) CAMPEÃO OLÍMPICO
1999Blackpool (Inglaterra)3º CLASSIFICADO
2001Cape Town (Áfica do Sul)VICE CAMPEÃO OLÍMPICO
2003Lièvin (França) VICE CAMPEÃO OLÍMPICO
Classificações Individuais
Desde 1991 que os columbófilos portugueses têm conquistado inúmeros títulos olímpicos, europeus, latino - americanos e ibéricos subindo com regularidade aos vários lugares do pódio.
A columbofilia é uma das modalidades desportivas com maior palmarés desportivo e que mais medalhas tem conquistado nas grandes competições internacionais.
A nível nacional, a FPC organiza anualmente em conjunto com as Associações e Colectividades, cerca de 500 provas, nas especialidades de velocidade (150 a 300 Km), meio-fundo (301 a 500 Km), fundo (501 a 800 Km) e grande-fundo (mais de 801 Km); 40 exposições locais, 14 exposições distritais/regionais e 1 Exposição Nacional.
Os pombos são transportados em camiões com estruturas especialmente adaptadas a este fim. 
Cerca de 70 camiões, com uma capacidade de transporte individual até aos 10.000 pombos, percorrem semanalmente a Península Ibérica.
Para além destas, a Federação Portuguesa de Columbofilia organiza os campeonatos nacionais e, com periodicidade anual, uma ou duas provas Clássicas Nacionais. 
13- PROJECTOS E ACÇÕES COMPLEMENTARES À ACTIVIDADE DESPORTIVA
13.1. COLUMBOFILIA JUVENIL
Este programa / Projecto foi iniciado à cerca de 15 anos e consta da criação de núcleos columbófilos em escolas, jardins de infância centros de recuperação de tóxico - dependentes e outras instituições de carácter social.
A colaboração dos pais, professores, alunos e funcionários neste projecto tem sido exemplar, mostrando que o pombo-correio e a Columbofilia poderão desempenhar um importante papel de integração social.

13.2. FÉRIAS DESPORTIVAS
Desde 1989 que a Federação organiza o Programa de Férias Desportivas para Jovens Columbófilos.
São três os objectivos principais que presidem a este programa:
- Sensibilizar os Jovens para a prática da Columbofilia.
- Incutir a noção de convivência em grupo.
- Incentivar uma melhor inserção no tecido social, facultando o contacto com valores culturais e sociais.
O Projecto de FÉRIAS DESPORTIVAS destina-se a jovens de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos e caracteriza-se através das seguintes vertentes:
§ Formativa:
Colóquios, palestras, visitas a colectividades e Associações...
§ Cultural:
Visitas a monumentos, exposições (pintura, fotografia...), empresas (com a observação do processo produtivo).
Face à importância da Comunicação Social, é sempre proporcionada uma visita às instalações de um jornal e /ou rádio.
§ Lúdica:
Proporcionar o conhecimento de novos locais e gentes através de passeios organizados.
§ Desportiva:
Sensibilização para a prática da Columbofilia, jogos tradicionais e outras modalidades.
13.3.- FORMAÇÃO
A Federação tem desenvolvido, todos os anos, um extenso plano de formação para os vários agentes desportivos.
Para além dos conhecimentos de ordem técnica, é nossa preocupação fornecer um sólido quadro ético destinado a combater as pressões exercidas pela sociedade moderna, pressões estas que se revelam ameaçadoras para os fundamentos tradicionais do desporto, os quais assentam no “fair-play”, no espírito desportivo e no movimento voluntário.
Destacam-se, assim:

a) Dirigentes Desportivos
b) Juizes Classificadores
c) Delegados de Solta
d) Carácter Veterinário
e) Formação de Formadores

Pombo-correio: É um dos animais mais seguros no que diz respeito à saúde humana




Os pombos nem sempre são bem vistos pela sociedade. Todavia, há que fazer determinadas distinções, designadamente entre o pombo-correio e aqueles que vulgarmente habitam nas cidades. Isto porque, no fundo, falamos de atletas que, como tal, são alvo de um conjunto de cuidados. Porém, no universo columbófilo a prática da auto-medicação é vulgar e sente-se «alguma relutância em pagar honorários» ao médico veterinário, porque há tendência a considerar que este nem sempre tem os conhecimentos necessários quando estão pombos em questão.
Quando se fala em pombos, as imagens invocadas na mente da maioria das pessoas reportam a aves que habitam nas cidades e que, por isso, circulam pelo ar, pelos passeios, pelos monumentos, enfim, por todo o lado.
Alguns centros urbanos já sofrem de sobrepopulação de pombos e encontram-se agora a tomar medidas para tentar controlar o problema, pois há quem afirme que os animais acarretam riscos em termos de saúde pública, designadamente ao nível de problemas respiratórios, alérgicos, dérmicos, oculares e gastrointestinais. No entanto, há quem discorde e considere que «os pombos da cidade não significam um perigo tão alarmante como por vezes sugerido». Marc Ryon, justifica a sua afirmação anterior citando uma publicação da Universidade de Basileia (Wackernagel e.a., 2004): «mesmo que os pombos da cidade possam significar um risco para a saúde humana, este risco é baixo, mesmo para pessoas que, por motivos profissionais, trabalham na proximidade dos sítios onde nidificam». Ainda de acordo com este trabalho académico, «só foram relatados por ano – a nível mundial - em média três casos de transmissão de doenças dos pombos da cidade para o Homem nos últimos 60 anos».
Há, segundo o médico veterinário da Federação Portuguesa de Columbofilia (FPC), «um excesso de pombos “urbanos” nas nossas cidades», que é, em grande parte, «devido à má gestão (disponibilidade de comida por todo o lado, assim como possibilidade de nidificar)», sendo que «estes animais causam, como é evidente,  muita sujidade», daí que «devam ser controlados, mas só com métodos civilizados».
O desportista
A realidade do pombo “citadino” acaba, muitas vezes, por condicionar na mente das pessoas o conceito que se tem de pombo-correio. Contudo, há bastantes diferenças, dado que estes «são sistematicamente desparasitados, vacinados e controlados no que toca a qualquer doença que possa comprometer o seu desempenho desportivo», informa Paulo Jorge, do departamento de Biological Sciences de Virginia Tech, EUA, para quem, «ao contrário daquilo que o público em geral possa pensar, estes pombos não representam qualquer perigo em termos de saúde pública».
De acordo com Marc Ryon, «globalmente, podemos afirmar que o pombo-correio é um dos animais mais seguros no que diz respeito à saúde humana». As razões são, pelo menos, duas: «vive fora da casa das pessoas» e «o número de zoonoses transmissíveis é bastante menor do que, por exemplo, no caso de cães, gatos ou porcos». Por outro lado, os columbófilos «só têm hipótese de obter êxitos no seu desporto se os pombos estiverem num estado de saúde perfeito, por isso são tratados, vacinados, alimentados e treinados como desportistas de alto nível».
O médico veterinário é da opinião que «actualmente, está um pouco na moda os pombos serem culpados de tudo e mais alguma coisa, especialmente em caso de conflitos entre vizinhos, onde se tornam logo as primeiras vítimas. A mãe sofre de uma bronquite ou a filha tem borbulhas e, não há dúvidas, de que os acusados são sempre os pombos do lado… Infelizmente muitos delegados de saúde entraram neste esquema, de tal modo que a FPC se sentiu obrigada a pôr à disposição dos médicos uma pequena pesquisa técnica intitulada “O pombo-correio e a saúde pública”». Para Marc Ryon, «lidar com pombos, seguindo as regras de higiene – iguais às regras em vigor para qualquer actividade com animais – não apresenta qualquer perigo especial». O médico veterinário da FPC argumenta ainda que «a Bélgica e a Holanda – países bastante evoluídos no domínio da saúde pública - têm há mais de 100 anos uma população colombina dez a 12 vezes mais densa do que Portugal e não creio que tenham problemas especiais».
Fins terapêuticos
A FPC tem cerca de 14 mil associados. Porém, «como está a acontecer em todos os países da Europa Ocidental, a columbofilia portuguesa é actualmente confrontada com uma diminuição do número de praticantes». Marc Ryon salienta que há vários motivos subjacentes a esta situação: «o número de famílias tradicionais está a diminuir, isto porque este é um desporto familiar por excelência; as campanhas contínuas e irracionais dos meios de comunicação contra quaisquer pombos sem distinção, que amedrontam os aspirantes a columbófilos; os novos estilos de vida, que ocupam os fins-de-semana e as férias; a crise económica (ser columbófilo implica custos); ou ainda a migração da população para os grandes centros urbanos, pois a columbofilia é um desporto ligado à posse de um quintal ou jardim».
O médico veterinário da FPC revela mesmo a existência de um ano negro para a columbofilia nacional. Nada mais, nada menos do que 2005,visto que foi quando «deflagrou a Influenza aviaria e o pombo foi indigitado na opinião pública como sendo capaz de transmitir a temida gripe aos humanos». Não obstante, o passar do tempo veio demonstrar que «os pombos não tinham qualquer papel na propagação da doença e que no mundo inteiro não foi documentado um único caso no qual tivesse estado implicado um pombo-correio». Neste sentido, defende que «é uma pena que em Portugal ainda poucos organismos oficiais estejam conscientes do papel educativo ou mesmo terapêutico que a columbofilia possa ter para algumas camadas da sociedade».
Ao ser um desporto que exige rigor, pontualidade, observação, paciência, perseverança e ao estar relacionada com ciências como a geografia, geometria, informática, meteorologia e biologia, a columbofilia «possui inegavelmente virtudes que justificam a sua implantação em escolas, mas também em outras instituições como centros de desintoxicação, orfanatos, lares para a terceira idade, institutos psiquiátricos».
O pombo
«Um excelente pombo de competição deve balancear velocidade com resistência e capacidade de orientação», diz Paulo Jorge, sendo assim os principais critérios a ponderar na reprodução de pombos de competição são «a velocidade, a resistência, a linhagem genética e a capacidade de orientação», acrescenta.
«O cruzamento ideal faz também parte da arte de ser columbófilo», sublinha Marc Ryon. A finalidade é «sempre tentar criar borrachos bons a partir de pombos que são ou foram craques durante a sua vida desportiva, ou então de bons reprodutores provenientes de linhas com estas características».
Ora, seis dias após o nascimento, «o borracho deve ser anilhado com uma anilha oficial (fornecida pela FPC), onde está inscrito o ano em curso e um número com sete algarismos». Este processo dá ao pombo-correio uma espécie de bilhete de identidade, uma vez que o «distingue durante toda a sua vida dos restantes», explica o médico veterinário da FPC.
A competição
Na columbofilia tradicional em Portugal, excluindo o fenómeno mais recente dos one-loft-races ou derbies, «a época desportiva decorre aproximadamente desde o início de Março até ao final de Junho, sendo que cada fim-de-semana há concursos, que podem ser de velocidade (percursos de 150 a 300 quilómetros), de meio-fundo (301 até 500 quilómetros), fundo (de 501 até 800 quilómetros) ou de grande fundo (mais de 800 quilómetros)», explica Marc Ryon. Cada columbófilo deve apresentar-se «um ou dois dias antes do voo (segundo a distância) no horário combinado com os seus pombos na sede da sua colectividade para o “encestamento”, onde um a um são introduzidos num cesto especial de viagem (os machos e as fêmeas são encestados separadamente)», continua. Depois, os cestos «são colocados num camião especialmente concebido para o efeito (bebedouros, comedouros, controlo de temperatura, etc.) e começa a viagem para o local de solta. Se o tempo o permitir, os pombos são geralmente soltos muito cedo, ao amanhecer. Dependente da distância, o voo demora em média de duas até 12,13, ou 14 horas». Não obstante, ressalva que no caso das provas de fundo ou grande fundo «há quase sempre pombos que necessitam de mais tempo e que só voltam no dia seguinte».
Porém, se cada pombo regressa ao seu “lar”, como é que se sabe qual o vencedor? «Há dois sistemas, o tradicional no qual o pombo é anilhado no momento do “encestamento” com uma anilha de borracha que tem número», sendo que neste sistema, «os columbófilos possuem um relógio mecânico (comprovador) que após ter sido sincronizado com um relógio-mãe é selado. Assim, quando um pombo chega, o columbófilo tira rapidamente a anilha de borracha que é introduzida no comprovador referido. Neste momento carrega num botão e a hora é marcada numa fita de papel». Actualmente, «utilizam-se mais frequentemente sistemas electrónicos, em que a ave é portadora de um chip que é “lido” na colectividade no momento do encestamento e igualmente no pombal à chegada mediante um patim electrónico (o sinal horário é proveniente do GPS)».
De destacar que «não é considerado como vencedor de uma prova a ave que chega em primeiro a casa, mas sim a que realiza a média mais elevada de metros por minuto (por exemplo 1000 m/minuto)».
Cuidados veterinários
Uma vez que os pombos de competição, mais concretamente os pombos-correio, são atletas que participam regularmente em provas que consistem em percorrer o mais rapidamente possível a distância que separa o lugar da solta do seu pombal de origem, «a medicina columbina mostra algumas semelhanças com a dos cavalos ou dos galgos de corrida», opina Marc Ryon. É óbvio que «um bom estado de saúde é sine qua non para estas aves e, por isso, devem ser prestados os serviços veterinários preventivos normais e curativos (desparasitazaçâo, vacinação, controlos de rotina das fezes e da saliva, tratamentos em caso de doença, pequenas intervenções cirúrgicas, autópsias, etc.)». Para além disso, o médico veterinário «deve ser capaz de acompanhar os pombos na campanha desportiva, onde os aspectos da nutrição e do maneio têm grande importância». Todavia, se na realidade todos estes serviços são prestados por profissionais de medicina veterinária «é uma outra discussão; visto que o público columbófilo está acostumado há décadas a praticar a auto-medicação e considera que poucos médicos veterinários estão bem dentro do assunto e sente alguma relutância em pagar honorários», revela Marc Ryon, acrescentando que «é um facto que neste mundo são muitos os curiosos activos e existe uma grande disponibilidade de produtos que escapam aos circuitos normais; para além disso é duvidoso que dedicar-se apenas à medicina columbina seja uma ocupação economicamente rentável para um médico veterinário em Portugal».